Já estamos nos aproximando do fim do ano e logo ouviremos frases que nos parecem cada vez mais comuns “como o tempo passa rápido”, “parecia que era ontem”, e começamos a perceber que vinte e quatro horas é pouco para a duração de um dia. Para ter um controle melhor sobre o tempo, muitos optam em fazerem uso de lembretes, listas, agenda e priorizar cada atividade. Porém, a ciência apresenta uma forma diferente para isso: não aprendemos a controlar o tempo encarando um calendário, ao ivés disso, olhe para outros lugares.
A forma como você ocupa seu tempo é influênciada por diversos fatores culturais, geográficos e econômicos que resultam em uma orientação temporal com diferentes formas para encarar o passado, presente e futuro.
O que é o tempo? A noção em senso comum de tempo é inerente ao ser humano, visto que todos somos, em princípio, capazes de reconhecer e ordenar a ocorrência dos acontecimentos de acordo com datas, meses, anos, estações, períodos e épocas.
Desde 1997 um segundo é definido como sendo a duração de 9 192 631 770 ciclos de radiação de uma transição eletrônica no átomo de césio-133 a -273,15 ºC. Usar um átomo de césio-133 para obtermos uma medida tão precisa nos faz acreditar que a medida do segundo estava aí todo tempo, esperando para ser descoberto, porém a medida do tempo utilizando o relógio é tão artificial quanto recente e ainda não nos adaptamos totalmente a ele.
Nos últimos 150 mil anos, nossa mente teve que fazer frequentes e tênues adaptações para estar em harmonia com a duração dos dias, noites e estações, prevendo épocas de colheita e plantio e consequentemente ter o próprio ciclo de refeições e sono adequados às condições impostas pelo ambiente.
Na tentativa de obter medidas de tempo confiáveis, inicialmente os astrônomos mediram as fases das Lua e a passagem dos anos para estabelecer calendários, relógios de sol foram usados para medir as divisões do dia enquanto que relógios de água mediam a passagem de tempo durante a noite, também foram usados objetos compostos de materiais consumíveis ou extinguíveis como areia, velas e incensos, mas todos eram imprecisos e de pouca confiança.
Nos dias de hoje, podemos tentar apressar o passo e tentar resolver tudo o quanto antes, mas sempre iremos sofrer de um mal que aflinge a humanidade desde a existência do conceito de trabalho: a procrastinação.
Quando o assunto é gerenciar o tempo, todo mundo deixa algo pra depois. Procrastinar é deixar de fazer aquilo que você deveria estar fazendo, mas sem aproveitar para curtir essa folga. Ou seja, procrastinar é diferente de matar aula para jogar vídeo game, essa que seria uma atividade voluntária e não consequente de um desvio de atenção que resultaria em stress e sentimento de culpa.
Muitos especialistas consideram o ato de procrastinar algo interessante no comportamento humano. Você sabe que precisa cumprir com suas tarefas, que por sinal são bem definidas e claras e com sua devida importância dentro do contexto onde trabalha, mas algo faz com que você acabe desviando sua atenção para qualquer outra coisa. Isso é muito mais evidente nos dias de hoje onde a internet ao mesmo tempo que é útil é um ferramenta incrivelmente eficiente em distrair seus usuários.
Um editorial do American Journal of Psychiatry comparou: “Decepcionar-se por não conseguir realizar uma tarefa longa conectado é como fornecer doses de ópio para operários no meio do expediente e se surpreender quando isso torna um problema”.
Para David Meyer, neurologista da Universidade de Michigan, a procrastinação causada pela influência da internet é uma doença. Segundo ele, se os viciados pudessem ver suas mentes em funcionamento, teriam uma surpresa tão desagradável quanto fumantes ao olharem a radiografia de seus pulmões. Já para o economista Herbert Simon, a procrastinação é um problema de alocação de recursos, uma vez que a informação consome nossa atenção, o aumento da informação consequentemente causa à escassez do recurso/atenção.
É necessário observar seus hábitos e admitir seus desejos e vontades para obter o que quer na hora que quer. Sem essa análise de si mesmo, listas e agendas não serão mais úteis do que simples folhas com rabiscos. Atrasar as coisas pode não ser culpa sua, mas das coisas. Pare para pensar no porque de estar fazendo aquela tarefa, caso lá no fundo você não vê sentido na sua tarefa, é melhor deixar para depois mesmo.
Cabe a nós resistirmos ao instinto e ficarmos atentos e preparados para não sermos fisgados pela distração. Não é impossível se concentrar em um mundo online, como lembra Winifred Gallagher, autora de Rapt (“Focado”, sem versão em português), a tecnologia é neutra. “Se você para tudo que está fazendo cada vez que recebe uma mensagem, a culpa não é da máquina, é sua.”
Autor: Leandro Kapelinski
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